Milhares de pessoas foram à avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (4) protestar contra as mudanças no pacote de medidas anticorrupção, aprovadas pela Câmara dos Deputados, e demonstrar apoio à operação Lava Jato e ao juiz Sergio Moro.
Convocado pela internet por grupos como Vem Pra Rua e MBL (Movimento Brasil Livre), que atuaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff, o ato teve falas e cartazes contra o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, porém, os petistas ficaram em segundo plano.
Os principais alvos foram os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, para muitos ali, encabeçaram as mudanças no projeto de lei anticorrupção. Críticas ao presidente Michel Temer (PMDB) foram mais pontuais, mas tiveram espaço entre os presentes.
Veja o que pensam alguns dos manifestantes.
"Contra desmonte das dez medidas"
"Na calada da noite, se votou o desmonte das dez medidas contra a corrupção", afirmou o
perito judicial Sérgio Neves da Rocha, 80, que foi ao protesto com a mulher, a aposentada
Nilcea Neves da Rocha, 77. Apesar de dizerem ser contra outras medidas propostas pelo
governo, como a PEC do teto de gastos, o casal disse que as principais demandas
estavam no cartaz que carregavam: além da aprovação das 10 medidas anticorrupção
originais, pediam a saída de Renan Calheiro, Rodrigo Maia e Michel Temer.
"Farinha do mesmo saco"
Manifestações contra Temer foram pontuais. O técnico em eletrônica Paulo Sergio Correa,
58, carregava um cartaz em que se lia: "Temer: você é o próximo". Para ele, o presidente
não tem legitimidade, mas, ainda assim, diz que não é a favor de sua saída neste
momento, pela instabilidade que isso causaria. "Talvez não seja momento de sair, mas é
farinha do mesmo saco", afirmou. Ele foi à manifestação com sua mulher, a gerente
administrativa Maristela Kioko Toku, 45.
"Deputados impunes"
Carregando um cartaz em apoio a Moro e "aos procuradores e aos ministros do Tribunal
Federal", o comerciante Alex Omar Cabral, 61, disse que foi ao protesto porque "não tolera
mais que os deputados estejam votando uma lei para ficarem impunes".
"Contra cortes nos passes de idosos"
Outra manifestação pontual foi do aposentado Jacks Ferreira, 66, que carregava um cartaz
endereçado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e ao prefeito eleito da
capital paulista, João Doria (PSDB), contra "corte dos passes de ônibus para idosos na
cidade". Apesar de estar levantando a bandeira, Ferreira afirmou que o pedido era
"secundário", sendo o principal a luta contra a corrupção e o apoio à Lava Jato.
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