segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Corrupção, Lava Jato e Moro: o que levou as pessoas de volta às ruas em SP?

Milhares de pessoas foram à avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (4) protestar contra as mudanças no pacote de medidas anticorrupção, aprovadas pela Câmara dos Deputados, e demonstrar apoio à operação Lava Jato e ao juiz Sergio Moro.
Convocado pela internet por grupos como Vem Pra Rua e MBL (Movimento Brasil Livre), que atuaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff, o ato teve falas e cartazes contra o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, porém, os petistas ficaram em segundo plano.
Os principais alvos foram os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, para muitos ali, encabeçaram as mudanças no projeto de lei anticorrupção. Críticas ao presidente Michel Temer (PMDB) foram mais pontuais, mas tiveram espaço entre os presentes
Veja o que pensam alguns dos manifestantes.

"Contra desmonte das dez medidas"

"Na calada da noite, se votou o desmonte das dez medidas contra a corrupção", afirmou o 
perito judicial Sérgio Neves da Rocha, 80, que foi ao protesto com a mulher, a aposentada 
Nilcea Neves da Rocha, 77. Apesar de dizerem ser contra outras medidas propostas pelo 
governo, como a PEC do teto de gastos, o casal disse que as principais demandas 
estavam no cartaz que carregavam: além da aprovação das 10 medidas anticorrupção 
originais, pediam a saída de Renan Calheiro, Rodrigo Maia e Michel Temer.

"Farinha do mesmo saco"

Manifestações contra Temer foram pontuais. O técnico em eletrônica Paulo Sergio Correa, 
58, carregava um cartaz em que se lia: "Temer: você é o próximo". Para ele, o presidente 
não tem legitimidade, mas, ainda assim, diz que não é a favor de sua saída neste 
momento, pela instabilidade que isso causaria. "Talvez não seja momento de sair, mas é 
farinha do mesmo saco", afirmou. Ele foi à manifestação com sua mulher, a gerente 
administrativa Maristela Kioko Toku, 45.


"Deputados impunes"

Carregando um cartaz em apoio a Moro e "aos procuradores e aos ministros do Tribunal
 Federal", o comerciante Alex Omar Cabral, 61, disse que foi ao protesto porque "não tolera
 mais que os deputados estejam votando uma lei para ficarem impunes".

"Contra cortes nos passes de idosos"

Outra manifestação pontual foi do aposentado Jacks Ferreira, 66, que carregava um cartaz
 endereçado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e ao prefeito eleito da 
capital paulista, João Doria (PSDB), contra "corte dos passes de ônibus para idosos na 
cidade". Apesar de estar levantando a bandeira, Ferreira afirmou que o pedido era 
"secundário", sendo o principal a luta contra a corrupção e o apoio à Lava Jato.

"Nem coxinha, nem mortadela"

Em frente ao Masp (Museu de arte de São Paulo), um grupo filiado à Rede
 Sustentabilidade carregava cartazes dizendo: "nem coxinhas, nem mortadelas", e a favor
 das medidas anticorrupção. Integrante do grupo, o músico Rogério Dias de Andrade, 52,
 afirmou que foram à ruas para "defender de maneira mais incisiva a aprovação das 
medidas originais contra a corrupção", e que a polarização da população "tem intenção de 
enfraquecer" as manifestações.

Intervenção militar

Entre os cinco grupos que levaram carros de som à avenida Paulista, um defendia a 
intervenção militar como solução para a crise política. A psicóloga Renata El Achi, 56, a 
fisioterapeuta Ana Grael, 57, a arquiteta Leuce Magalhães, 65, a advogada Marilena 
D'Ottanino, 46, e o advogado Nelson Leite, 71, faziam parte desse grupo. As quatro 
mulheres dizem que estavam entre os manifestantes que invadiram a Câmara no mês 
passado para protestar pela intervenção. Elas negam que o ato tenha sido uma invasão 
porque, segundo elas, teriam avisado a Câmara antes, mas não tiveram resposta. "Pelos 
meios legais e jurídicos, nada está mudando", afirma Renata el Achi. "Estão perseguindo
 juízes. Existe um conluio para acabar com a Lava Jato", afirma D'Ottanino. Elas dizem que
defendem a intervenção militar "para defesa da pátria, da lei e da ordem", porque "os três 
poderes não têm mais harmonia ou independência".




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